domingo, 11 de abril de 2010

Dor

Há algum tempo fiz uma microcirugia, algo muito simples e quase sem riscos. Deram-me um sedativo e depois aplicaram uma anestesia local, passei uma semana tomando antiinflamatórios e analgésicos. Assim aquela foi uma das semanas mais sem dor que já tive. Por um lado muito bom, tive conforto e tranqüilidade, mas por outro lado, por muitas vezes esquecia-me do procedimento que tinha passado, me excedendo nas minhas ações.

Então quando os remédios acabaram e a dor chegou, percebi o quão importante é essa coisa que chamamos de dor, seja no físico e literal, ou na alma e no poético. A dor nos mostra que estamos vivos, que somos limitados, que devemos tomar cuidados, que somos gente e como tal dependentes do outro.

A dor fala do que é só nosso, e não pode ser comparado, medido, e até questionado. Dor é algo intimo, é pessoal, destruidor e construidor de nós mesmos. Mas a dor fala da coletividade, do que é humano, do que afeta a todos nós.

Fugir da dor, não faz com que ela acabe, ignorá-la não faz que ela desapareça como num passe de mágica, mas senti-la nem sempre é suportável. Então o que fazer? Talvez seja necessário intercalar momentos de dor com doses de analgésicos, enquanto se busca curar a verdadeira causa da dor...

E podemos usar as pessoas, lembranças, sonhos, arte, natureza, não só como acalentadores, mas, também como remédios eficazes para a cura das nossas feridas.