terça-feira, 22 de março de 2011

Pesados

Nesses últimos dias, tive que aderir a uma mochila, não pela moda, nem para relembrar meus tempos de primário, mas por não agüentar mais carregar tanto peso distribuído entre minha bolsa, sacolas e mãos. Imagine que saio de casa bem cedo e tenho que levar comigo tudo que precisarei durante todo o dia. Entre os itens indispensáveis estão à carteira, os celulares, caderno, agenda, classificador, jaleco, netbook, canetas, e nos dias chuvosos um guarda-chuva, sem contar aquelas quinquilharias que são tão presentes nas bolsas femininas.

E nem sei explicar por que todas essas coisas se tornaram indispensáveis para a minha sobrevivência.

São tantas as coisas que carregamos conosco, tanto peso, e agora já não falo mais do peso dos objetos, mas daquela porção de coisas que carregamos todos os dias no nosso coração e nos nossos pensamentos.

Ficamos tão pesados, tão cheios e cansados, por acharmos que tudo aquilo é indispensável. E como é difícil abrir mão de uma dessas coisinhas, deixar de lado aquele sentimento ou aquela certeza, que para nós se tornou imprescindível.

Tem gente que construiu a sua vida em torno de uma mágoa, e não sabe mais viver sem ter pelo menos um inimigo. Outros de nós levantamos bandeiras de ideologias que não acreditamos mais, ou carregamos o peso de uma religiosidade morta. Mas com medo dos olhares alheios preferimos carregar esses pesados fardos, a receber um olhar de reprovação.

Pesados também são os sacos da culpa e da autocomiseração, dos que sofrem pelo que foram ou fizeram e os que sofrem por não terem sido ou não terem feito. Mas tudo isso, já faz parte da nossa vida há tanto tempo, que já nem sabemos a doce sensação de andarmos de mãos vazias, ou quem sabe ocupadas apenas pelas mãos de outra pessoa.

Se libertar é processo, é gradual, mas o primeiro passo é reconhecer que aquele peso não me pertence, e que mesmo sendo difícil no inicio, é possível sobreviver sem ele. E quem sabe assim, tirando tantas coisinhas das prateleiras do coração e das estantes do pensamento, sobrará mais espaço para as coisas que de fato são essenciais.





sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Reflexões de uma curiosa

E o que fazer quando só um olho da gente chora?
Será que é por que a gente está meio triste?
Será que a gente pode ficar triste e feliz ao mesmo tempo?
Será que é possível vivermos dois sentimentos opostos ao mesmo tempo?
E o que fazer com a contradição que é a vida?
Como é que a gente é tanto e tão pouco?
Que a gente é super-herói e ao mesmo tempo o ser mais frágil do mundo?
Como a gente é tão forte e se derrete com uma simples palavra?
E como a gente ama tanta coisa e tanta gente ao mesmo tempo e tudo isso cabe na gente?
E por que a gente cria tanta coisa só pra gente correr atrás de algo?
E por que a gente cria as nossas próprias necessidades só pra gente viver a vida atrás dessas coisas e depois perceber que elas não nos satisfazem?
E o que faz a gente às vezes trocar o real pelo imaginário?
E o que leva a gente parar de brincar de imaginação?
E por que às vezes a gente foge do nosso mundo para outro mundo, e fazemos de conta que não vivemos aqui?
E por que a gente destrói tudo em busca de construir algo?
E o que faz a gente fingir acreditar nos nossos próprios enganos?
E será por que às vezes nos sentimos só, mesmo estando rodeados de gente?
E por que a gente esquece de agradecer pelas pequenas e melhores coisas da vida?
E o que faz a gente não acreditar na gente mesmo?
E o que faz da gente gente?
E o que faz da gente diferente de tudo?
E o que faz da gente igual a todo mundo?
E o que faz do mundo, um único mundo e ao mesmo tempo, um mundo de mundos?
"E agora José?"


PS: Se você tem resposta para alguma dessas indagações ou se você tem alguma outra indagação compartilhe com a gente!

 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Se bom é lembrar ...

Eu sempre reconheci que sou muito saudosista. Amo lembrar-me das boas e não tão boas coisas que aconteceram na minha vida. É por isso, que volta e meia falo no blog sobre a saudade, a amizade e sobre histórias de minha vida.

As lembranças que carregamos em nós têm um poder precioso, é só sentir um cheiro ou ouvir aquela música e lá vai a nossa mente buscar as mais diversas recordações. E esse processo quase sempre acaba em lágrimas ou boas risadas.

E é aí que, entra aquele verso Bíblico que diz: “Quero trazer a memória aquilo que me traz esperança.” (Lamentações 3:21).

Provavelmente a sua vida como a minha deve ser formada de bons e maus momentos, de alguns instantes prazerosos e outros que a gente preferia esquecer. Mas às vezes é importante voltarmos no baú das recordações, não para ficarmos por lá, mas para lembrarmos o quanto somos fortes e capazes de sobrevivermos a situações difíceis.

Olhar para essas situações faz nos lembrar que é possível vencer mais uma vez, e encontrarmos forças para seguirmos em frente. Naquele dia de dor, lembre-se que em outro dia, em outra situação aparentemente impossível você foi capaz de superar. Mas depois não se esqueça de voltar os seus olhos para frente, para os sonhos que te impulsionam para suas conquistas. E aí depois de tomar fôlego, sonhe, mesmo que isso pareça inadequado no momento, é o sonho vivo em nossa alma que nos faz ter coragem para lutar, para acreditar mais uma vez e prosseguir em nossas lutas diárias, em nossos desafios constantes.

Afinal, se bom é recordar, melhor ainda é sonhar...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sobre a dor e o amor...

Nos últimos dias, depois de ouvir algumas histórias repletas de dor e sofrimento, fiquei pensando sobre como podemos ser transformados pelas experiências mais dolorosas.


É incrível vermos vidas tomarem rumos tão diferentes após uma situação trágica ou traumática. Seja a senhora que após uma infância sem afeto ou apoio, se torna uma mãe tão carinhosa e prestativa a sua prole. Ou aquele profissional de saúde, que passa por uma doença grave, e isso transforma o seu jeito de tratar seus pacientes.

De fato a dor tem a capacidade de nos transformar, e transformação não significa necessariamente sermos melhores do que éramos, significa mudança de rota, de reação e de atitude. As transformações normalmente seguem o caminho da melhor adaptação, e adaptar-se é se modificar na tentativa de sobreviver.

Quando somos machucados, sentimos de perto a nossa humanidade, e em um mundo como o nosso isso se torna cada vez mais difícil e mais necessário. A dor nos permite reconhecer nossos limites e nos faz percebermos que necessitamos do outro.

Há algumas dores essencialmente pessoais, aquelas que ninguém pode acalentá-las, a não ser nós mesmos. São aquelas dores que precisamos sentir, são as dores do ego ferido e do orgulho quebrado, a dor da solidão e dos pecados praticados.

Existem também as dores coletivas, aquelas que nos revoltam diante da injustiça e da indiferença. Essas dores são capazes de gerar uma revolução ou quem sabe uma estratégia de enfrentarmos coletivamente a dor de uma sociedade. É com essa dor que nascem organizações humanitárias, trabalhos sociais e de voluntariado.

Sem dúvida, a dor é capaz de nos transformar e quando somos sensíveis aos seus perturbadores gritos, somos convidados para tomarmos novas atitudes frente à vida. E então, despertos, somos convocados para a mudança.

Mas não há como conferir apenas à dor esse potencial de transformação. Na verdade acho que há algo mais poderoso do que a dor capaz de dar um novo destino ao ser humano, e esse poderoso propulsor de mudança é o amor.

Na minha própria experiência, pude conhecer essa característica do amor. O amor ele é capaz de libertar uma alma do seu opressor e fazê-lo livre para construir uma nova história. O amor é capaz de esperar uma semente brotar até se tornar uma grande arvore de bons frutos.

Sim, o amor é o que nos ajuda a suportar a dor, a perdoar e sonhar com o futuro. Faz do solitário um amante da vida, e do jovem inconseqüente um pai de família exemplar. O amor em qualquer do seus aspectos é capaz de dar novos significados a uma vida.

Esse sentimento tão complexo e completo, que tem em si uma síntese de tudo que é bom, respeitoso e digno, é o reflexo do seu Criador. E a toda a dor Ele suportou para que nós conhecêssemos sua essência, que é o amor. E diante das nossas fraquezas e dores pudéssemos conhecer seu amor e sermos transformados por ele.

domingo, 21 de novembro de 2010

Perdedores

Não há como negar, somos todos  perdedores, e não há quem eu conheça que não o seja. . É eu sei que parece papo de pessimista, mas parece que é só ser “ser humano” que somos programados para perder. Mas não se preocupe, ser perdedor tem seu lado bom. Na vida vivemos perdendo coisas, pessoas, tempo. Perdemos o relógio, os óculos, a chave, o emprego, alguns amigos, perdemos o horário, o sono. Perdemos até a bendita da identidade, nos dois sentidos da palavra. Sim, perder faz parte da vida, se não fosse assim seriamos tão cheios de coisas, tão cheios de obrigações, que não conseguiríamos nem sair do lugar. Perder nem sempre é fácil, nem sempre é bom, mas às vezes se torna indispensável para reajustar as nossas vidas. Então que sejamos nós perdedores , mas o sejamos conscientes e de cabeça erguida possamos transformar nossas perdas em vitórias maiores!

domingo, 8 de agosto de 2010

Meu pai

Queria escrever um belo texto em homenagem aos pais, algo bem tocante e profundo que fosse capaz de expressar um pouco da minha gratidão por essa figura tão especial. Mas só sei falar do meu pai.

Meu pai é uma daquelas figuras incríveis, que marca a vida de qualquer pessoa que se aproxime dele. Ele é o nosso herói, o nosso exemplo, o cara que está pronto pra nos ensinar a ser o melhor que podemos ser. Está tão perto quanto possível, mas nos ensina a voar, a ir além das nossas limitações.

Quando era pequena corria atrás dele gritando: “Papapaa...papai!”, e hoje ainda chamo por ele quando preciso, e sei que ele estará lá. Um dia inventei de lavar os meus pés na pia do meu banheiro, ai o armário caiu e eu gritei e antes de terminar meu grito por socorro ele já estava na porta do meu quarto pronto para me salvar.

Hoje existem 480km que nos separam, mas tenho a certeza de que posso contar com ele.

Meu pai é daqueles pais meio excêntricos, que querem ocupar tantas memórias quanto possível, e ele consegue fazer isso. Mas em especial ele marca com seu carinho, com seus atos de amor e perdão e com sua integridade e ética.

Esse é o meu pai. Sei que ele não é perfeito, mas é tudo o que eu preciso de um pai.

Não sei como é o seu pai, mas não importa como ele seja, é importante agradecer e amar!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dia do amigo

Hoje no Brasil se comemora o dia do amigo. E esse é um dos meus temas prediletos de escrever, talvez por que os momentos mais marcantes da minha vida foram compartilhados com amigos. E nessa data que se celebra um dos mais belos sentimentos, pposso vê que a vida só tem sentido se ela for compartilhada com outras pessoas.
E no se que trata de amizade, ha muitos tippos de amigos, de pessoas queridas quefazem parte da nossa história.
Há amigos de temporada, aqueles com quem só encontramos em determinadas épocas. Há os colegas da escola ou da faculdade, com quem dividimos momentos diversos que vão das aulas chatas até os dias mais divertidos. Há os amigos que herdamos da familia, e os que são a nossa familia. Existem também aqueles amigos de quem nós não nos desgrudavamos, e aquele que era o cobaia para as suas armações e traquinagens. Sem esquecer dos amigos dos nossos amigos, que acabam se tornando nossos amigos. E há também aqueles amigos que são os nossos companheiros da vida toda, os guardiões das nossas memórias, os que conhecem os nossos defeitos como ninguém, mas que acham em nós virtudes que nem nós mesmos conhecíamos .
Estejam perto ou longe, sejam de longas datas ou recentes, sejam inconvenientes ou discretos, tenham pontos de vistas parecidos ou opostos dos nossos, eles são parte essencial da nossa vida.
Por isso, amo a amizade e o que ela nos proporciona, amo ter amigos e saber que posso contar com eles, amo ser amiga e servir meus amigos. Amo ser ponte para novas amizades, e amo relembrar os momentos que dividi com eles. Mas sobretudo, amo saber que amizade é fruto do desejo de Deus de criar o homem para ser seu amigo!